sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os sete processos mentais básicos para aprendizagem da Matemática e ideias para acontecer em sala de aula

Correspondência

Correspondência é o ato de estabelecer relação “um a um”. Exemplos: um prato para cada pessoa; cada pé com seu sapato; a cada aluno, uma carteira. Mais tarde, a correspondência será exigida em situações do tipo: a cada quantidade, um número (cardinal), a cada número, um numeral, a cada posição (numa sequência ordenada), um número ordinal.

Exemplos de atividades:

Primeira atividade:

Material: Objetos do cotidiano.

Atividade: pedir às crianças que observem os objetos à sua volta: relógio, mesa, janela, copo etc., perguntando se elas sabem as formas que têm esses objetos. Dependendo das respostas (se elas dominam o vocabulário básico da geometria, utilizando nomes tais como quadrado, redondo etc.), pedir que digam o que mais é  quadrado, o que é redondo, verificar se conseguem reconhecer formas triangulares. Em seguida, elas deverão desenhar objetos com as formas reconhecidas.

Objetivo: reconhecer formas geométricas nos objetos e integrar os processos de correspondência aos de comparação, classificação e, eventualmente, inclusão.

Segunda atividade:

Material: cinco cartelas, cada uma com o desenho diferente de um menino; outras cinco cartelas, cada uma com o desenho de um mesmo cachorro.

Atividade: pedir à criança que escolha um cachorro para cada menino e que dê nome a ambos, verificando se ela escolhe nomes diferentes, fazendo a correspondência.
Objetivo: corresponder elementos iguais a elementos diferentes.

Terceira atividade:

Material: cartelas, cada uma com o desenho de figuras que indicam quente ou frio, como por exemplo: ferro elétrico, sorvete, sol, geladeira, fogueira, fogão etc.

Atividade: pedir para a criança apontar, uma a uma, as figuras que recebeu, falando a palavra “quente” ou “frio”, conforme o caso.

Objetivo: fazer corresponder imagens e idéias.

Por exemplo: 



  
Comparação

Comparação é o ato de estabelecer diferenças ou semelhanças. Exemplos: esta bola é maior que aquela; moro mais longe que ela; somos do mesmo tamanho? Mais tarde, virão: Quais destas figuras são retangulares?, Indique as frações equivalentes.

Exemplos de atividades:

Primeira atividade:

Material: blocos lógicos.

Atividade: cada criança escolhe duas peças. Quando todas tiverem feito sua escolha, o professor pergunta a cada uma em que essas duas peças são diferentes ou parecidas. É importante que todas essas duas ouçam o colega, pois as particularidades das peças precisam ser conhecidas por todos. Os atributos serão retomados em atividades posteriores.

Objetivo: estimular a percepção de semelhanças e diferenças.

Segunda atividade:

Material: tangram

Atividade: comparar duplas de peças por superposição ou justaposição e dizer o que existe de igual ou quais são as diferenças (o tangram presta-se a inúmeras atividades, que serão descritas em outros processos, esta é uma exploração para crianças menores).

Objetivo: favorecer a comparação de algumas formas geométricas.

Terceira atividade:

Material: pares de gravuras com pequenas diferenças entre elas, assim como o jogo dos sete erros, (encontrados em jornais e revistas infantis).

Atividade: as cartelas terão níveis de dificuldade para as crianças encontrarem, aos poucos, um número cada vez maior de diferenças. É uma atividade que deve ser feita individualmente, de início, para que o professor possa observar a capacidade de observação da criança.

Objetivo: desenvolver o senso de observação infantil.

Por exemplo:



Classificação

Classificação é o ato de separar em categorias de acordo com semelhanças ou diferenças. Exemplos: na escola, a distribuição dos alunos por anos; arrumação de mochila ou gaveta; dadas várias peças triangulares, e quadriláteras, separá-las conforme o total de lados que possuem.

Primeira atividade:

Material: conjunto de cartelas contendo diferentes frutas, bichos, brinquedos, roupas etc.; cada cartela deve ter um só desenho.

Atividade: apresentar todas as cartelas de uma vez, pedindo às crianças que separem por algum critério; depois pedir a elas que expliquem quais foram os critérios usados, tais como: número de pernas, cor, ter casca etc.

Objetivo: classificar com apenas um atributo.

Segunda atividade:

Material: conjunto de figuras geométricas

Atividade: das às crianças várias figuras geométricas, pedindo que as separem por semelhança. Para as crianças menores, considerar apenas um atributo de cada vez: cor, forma ou tamanho; para as maiores pode-se pedir a classificação pela cor e tamanho ou então por forma e cor ou ainda por forma e tamanho.

Objetivo: classificação de figuras geométricas.

Terceira atividade:

Material: cartelas, cada uma com uma palavra diferente.

Atividade: mesmo em classes de crianças não alfabetizadas esta atividade poderá ser realizada com sucesso. Começar com os nomes das crianças e ir ampliando para o vocabulário significativo para o grupo: nomes de animais, dos pais, dos irmãos, das pessoas da escola, enfim, o professor pode mostrar vários nomes e as crianças devem agrupar as palavras que começam com a mesma letra.

Objetivo: classificar por letras.

Por exemplo:

AMANDA 

ALINE

ANEL

AR



Sequenciação

Sequenciação é o ato de fazer suceder a cada elemento um outro sem considerar a ordem entre eles. Exemplos: chegada dos alunos à escola; entrada de jogadores de futebol em campo; compra em supermercado; escolha ou apresentação dos números nos jogos loto, sena e bingo.

Primeira atividade:

Material: papel colorido (pode ser de revistas), tesoura, cola e barbante.
Atividade: recortar bandeiras (de São João) e colá-las no barbante, uma após a outra, sem qualquer ordem.

Objetivo: fazer sequência.

Segunda atividade:  

Material: barbante, canudos coloridos (de beber refrigerante) cortados em partes, macarrão furado ou sementes perfuradas.

Atividade: montar um colar, passando o barbante por dentro dos canudos.

Objetivo: fazer sequência.

Terceira atividade:

Material: conjunto de peças de jogar dominó.

Atividade: cada criança recebe uma peça, que vai sendo colocada “em pé”, uma após a outra, deixando um pequeno espaço entre elas. Um aluno escolhido deve empurrar só a primeira peça, a qual derrubará todas as demais.

Objetivo: fazer sequência.

Por exemplo:


Seriação

Seriação é o ato de ordenar uma seqüência, segundo um critério. Exemplos: fila de alunos, do mais baixo ao mais alto; lista de chamada de alunos; numeração das casas nas ruas; calendário; loteria federal (a ordem dos números sorteados para o primeiro ou quinto influi nos valores a serem pagos); o modo de escrever números (por exemplo, 123 significam uma  centena de unidades, mais duas dezenas de unidades, mais três unidades e, portanto, é bem diferente de 321).

Primeira atividade:

Material: barras coloridas cuisenaire.

Atividade: as crianças devem ordenar as barras da menor para a maior e, depois, dizer “um” tocando a menor, dizer “dois” tocando a seguinte, e assim por diante.

Objetivo: utilizar a numeração oral.

Segunda atividade:

Material: blocos lógicos.

Atividade: apresentar o começo de uma série com duas, três ou quatro peças diferentes (por exemplo, triângulo, círculo e quadrado) e pedir às crianças que continuem a série, de modo que a  ordem das peças se repita. A seriação pode ser feita só de peças com a mesma cor ou com o mesmo tamanho.

Objetivo: seriar considerando um só atributo.

Terceira atividade:

Material: quatro, cinco ou seis gravuras.

Atividade: Mostrar todas as gravuras ao mesmo tempo e pedir aos alunos que, em grupo, inventem histórias e justifiquem a ordem escolhida. Se as crianças tiverem 4 ou 5 anos, é melhor começar com três gravuras.

Objetivo: introduzir ordem na sequência.

Por exemplo: 







Inclusão

Inclusão é o ato de fazer abranger um conjunto por outro.

Exemplos: incluir as idéias de laranjas e de bananas, em frutas; meninos e meninas, em crianças; varredor, professor e porteiro, em trabalhadores, na escola; em losangos, retângulos e trapézios, em quadriláteros.

Primeira atividade:

Material: conjuntos de sólidos (caixas vazias ou fundos de garrafas plásticas) de tamanhos diferentes, tal que se encaixem uns nos outros.

Atividade: dar todos os sólidos para as crianças e pedir que arranjem todos eles, colocando os menores dentro dos maiores.

Objetivo: reforçar as noções de incluir, conter, caber, estar dentro, pertencer.

Segunda atividade:

Material: conjunto de círculos de papelão de diferentes diâmetros e cores.

Atividade: apresentar todos os círculos às crianças, de modo desordenado, e pedir que elas os ordenem, por superposição. Elas podem preferir fazê-lo do maior para o menor ou ao contrário.

Objetivo: fazer inclusão utilizando superfícies (bidimensional).

Terceira atividade:

Material: cartelas com palavras sugerindo inclusão.

Atividade: o professor vai lendo uma a uma as palavras e as crianças devem dizer uma outra que abranja todas. Por exemplo, se na cartela estiver escrito barco, remo, concha, areia e onda, as crianças devem dizer rio ou mar. Outro exemplo: laranja, abacaxi, melão, em que a palavra pode ser fruta ou suco.

Objetivo: incluir por meio de idéias.

Por exemplo:

BANANA

MAÇA

MELÃO

MORANGO

ACEROLA


Conservação

Conservação é o ato de perceber que a quantidade não depende da arrumação, forma ou posição.

Exemplos: uma roda grande e outra pequena, ambas formadas com a mesma quantidade de crianças, um copo largo e outro estreito, ambos com a mesma quantidade de água, uma caixa com todas as faces retangulares, ora apoiada sobre a face menor, ora sobre outra face, conserva a quantidade de lados ou de cantos, as medidas e, portanto, seu perímetro, área e volume.

Primeira atividade:

Material: conjunto de palitos.

Atividade: cada aluno recebe seis palitos e deve montar livremente as figuras que quiser, utilizando todos os palitos. Em seguida, o professor mostra a todos os alunos as diferentes figuras construídas com seis palitos, e pergunta: “Todas as figuras montadas têm a mesma quantidade de palitos ou há figura que tem mais palitos?”.

Objetivo: favorecer a percepção da conservação de quantidade, variando a configuração plana.

Segunda atividade:

Material: vinte e cinco peças iguais (fichas ou dominós).

Atividade: apresentar as peças em duas pilhas, A e B, sendo A com dez e B com quinze peças. Pedir para a criança formar duas novas pilhas, C e D, com essas peças, do seguinte modo: as peças para C deverão ser retiradas só de A e as peças para D deverão ser retiradas só de B; quando for colocada uma peça em C, então a peça seguinte deverá ser em D, uma a uma. Quando as pilhas C e D chegarem a 7, 8 ou 9 peças o professor deve, apontar para as duas novas pilhas e perguntar: “As duas pilhas têm a mesma quantidade de peças ou uma delas tem mais que a outra?”.

Objetivo: favorecer a percepção da conservação de quantidade.

Terceira atividade:

Material: várias tiras iguais de papel e tesouras.

Atividade: cada aluno recebe uma tira e deve cortá-la em quantos pedaços quiser. Provavelmente, cada criança dividirá diferentemente sua tira. Os pedaços deverão ficar sobre a carteira (mesa) e o professor perguntará: “Fazendo de conta que o papel é o chocolate, quem tem mais chocolate ou todos têm a mesma quantidade?”.

Objetivo: favorecer a percepção da conservação de quantidade, variando a repartição.

Por exemplo:




Bibliografia:

Coleção formação de professores: Educação infantil e percepção matemática. Sergio Lorenzato

Imagens retiradas do arquivo pessoal das integrantes do grupo

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